Morfologia de Smilax fluminensis (Smilacaceae): uma espécie medicinal no município de Alta Floresta, Mato Grosso
DOI:
https://doi.org/10.36560/15220221503Palavras-chave:
japecanga; morfologia; plantas medicinais; sistemáticaResumo
A espécie Smilax fluminensis Steud. (Smilacaceae) é nativa no Brasil com distribuição nas regiões norte, nordeste, centro-oeste e sudeste, conhecida como cipó-quina, cipó-cruz, japecanga, japicanga, quina-cipó, raiz-de-china e salsa, com registro na medicina popular desde o século XIX. O trabalho teve como objetivo descrever a morfologia de S. fluminensis no município de Alta Floresta, Mato Grosso, além de apresentar fotografias dos órgãos vegetativos e reprodutivos, comentários taxonômicos, fitogeográficos e medicinais. O estudo foi realizado entre setembro de 2020 e outubro de 2021, com coletas de ramos férteis em fragmentos florestais na comunidade São Bento, município de Alta Floresta (MT), herborizadas e depositadas no Herbário da Amazônia Meridional (HERBAM) conforme metodologias usuais. A descrição morfológica foi realizada no Laboratório de Morfologia Vegetal nas dependências do HERBAM, da Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus Universitário de Alta Floresta. Foi realizada fazendo uso de materiais secos e frescos com o uso de um estereomicroscópio e terminologias usuais. Smilax fluminensis é uma liana dioica e se caracteriza pelos ramos com 1-3 catáfilos, bainhas com margens expandidas, pecíolos com duas gavinhas, lâminas adultas cordadas, coriáceos, flores estaminadas com 6 tépalas, 6–7 × 1,8–2 milímetros de comprimento e frutos quando maduros alaranjados. As flores pistiladas também podem chegar até 8 tépalas, demonstrando essa pequena variação no número de tépalas. Em Alta Floresta, a planta é conhecida como japecanga, utilizada a decocção da raiz para problemas de sangue sujo, feridas persistentes, dores nos ossos, reumatismo, artrite e problemas urinários. É uma espécie com a presença de flavonoides e ácidos fenólicos, eficientes como antioxidante, anti-inflamatória e antirreumática, principalmente. O entendimento da morfologia, amparado por revisões taxonômicas, permite aprofundar os estudos das espécies com importância de uso na flora brasileira, como na medicina popular.
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